Em Brumadinho, cães farejadores também são protagonistas de ações de salvamento

Em Brumadinho, cães farejadores também são protagonistas de ações de salvamento

Após 60 dias da tragédia de Brumadinho, o trabalho de buscas chega a uma fase em que é necessário o apoio ainda maior de um protagonista em especial: o cão farejador. Por dia, mil toneladas são retiradas por meio de escavações pesadas e os animais são os responsáveis por vasculhar os rejeitos, na busca por mais corpos. Oitenta por cento das vítimas foram encontradas com a ajuda dos cães.

Em meio a mais de 70 máquinas, drones e equipamentos tecnológicos, os bombeiros de Minas Gerais têm um principal aliado para encontrar os mais de 80 desaparecidos na tragédia em Brumadinho: os cães farejadores. Dois meses depois do rompimento da barragem, os trabalhos entraram numa fase de escavação pesada. Os militares retiram cerca de mil toneladas de rejeito de minério todos os dias, espalham em um terreno da Vale, e os animais fazem o rastreamento.

O tenente Abel Ferreira, que coordena o trabalho com os animais, explica a importância dos cães neste momento. ‘Na fase atual, é muito importante o uso do cão de faro porque o estado de decomposição está muito avançado. E quando você está trabalhando com máquinas, material se mistura com o rejeito. Você não consegue visualizar o que é tecido humano e o que não é. É aí que o cão entra com ferramenta essencial’.

Mais de 500 vítimas e partes de corpos já foram localizados pelos bombeiros desde a tragédia no dia 25 de janeiro. Oitenta por cento das localizações foram feitas pelos 36 cães que atuaram no local. São labradores, border collies, pastores alemães e belgas que vieram de seis estados e do Distrito Federal, além de Minas Gerais.

Assim como os militares que atuam em Brumadinho, os animais passam por exames periódicos para verificar a presença de metais pesados. Dois cães precisaram parar os trabalhos porque os resultados apresentaram alterações no sangue.

Os farejadores têm atendimento com veterinário, uma dieta com rações especiais, e ganham recompensas quando fazem um bom trabalho: brinquedos e biscoitos caninos.

Para atuar em tragédias como a de Brumadinho, os animais passam por pelo menos um ano e meio de treinamento. O cheiro forte de rejeito de minério engana os cães novatos, mas, com a experiência, eles passam a diferenciar o odor.

Atualmente, seis animais participam das buscas. Um deles é a labradora Zaara, dos bombeiros de Santa Catarina. A cadela preta da espécie labrador e o condutor dela Cabo Carlos de Sousa, foram a Brumadinho duas vezes. Na primeira, ela teve alguma dificuldade para se adaptar ao terreno. Na segunda, já nesta semana, Zaara encontrou uma das vítimas em minutos.

A capacidade dos cães, somada aos estudos feitos pelos bombeiros sobre o comportamento do rejeito de minério em rompimentos de barragens, tornam as buscas em Brumadinho ainda mais efetivas. O capitão Leonard Farah, comandante da companhia de busca e salvamento dos bombeiros de Minas Gerais, explica que todos os corpos encontrados e materiais soterrados estão mapeados em um aplicativo criado para ser usado na tragédia. A partir desses dados, os bombeiros calculam onde podem estar as vítimas.

Não há previsão de data para o fim das buscas em Brumadinho. Isso porque os trabalhos podem parar por dois motivos: caso todos os desaparecidos sejam encontrados ou se os corpos entrarem num estado de decomposição em que não seja mais possível localizá-los.

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