Epilepsia

Epilepsia

Na última 3a feira , 26 de março, foi celebrado em vários países , o Dia Mundial da Conscientização da Epilepsia , conhecido também como Dia Roxo ( Purple Day ). A data representa um esforço internacional para conscientizar as pessoas sobre a importância dessa doença em seres humanos, mas que também é muito frequente em animais , especialmente os cães.

Epilepsia é o distúrbio neurológico crônico mais comum na espécie canina e caracteriza-se por atividade elétrica excessiva e sincronizada dos neurônios cerebrais. A manifestação clínica da Epilepsia é chamada Crise Epiléptica e é um período de função cerebral anormal excessiva que aparece e desaparece de forma súbita. A crise pode ser generalizada havendo perda de consciência, rigidez da musculatura e salivação e tremores excessivos. Pode também ser focal com ou sem perda da consciência e manifestando a ocorrência de espasmos das musculaturas da face e membros e distúrbios comportamentais como automutilação , vocalização anormal e movimentos de mastigação.

É de suma importância que as crises epilépticas sejam classificadas, podendo auxiliar o diagnóstico e determinar a conduta clínica. Existem basicamente dois tipos de classificação das Epilepsias: A Epilepsia Idiopática e a Epilepsia Sintomática.

Epilepsia idiopática é a mais comum em cães, sendo assim caracterizada quando nenhuma doença de base é identificada, porém, com predisposição hereditária e racial. Não apresentam nenhuma causa extracraniana ou intracraniana aparente e os animais se apresentam neurologicamente normais entres as crises. Cães comumente sofrem as primeiras crises entre 1 e 5 anos de idade, raramente acontecendo antes dos 6 meses ou após os 10 anos.  Animais com epilepsia idiopática geralmente manifestam crises generalizadas, em que ocorrem as contrações musculares junto à perda de consciência. O intervalo entre crises varia com o indivíduo, podendo ocorrer regularmente e na maioria das vezes o animal manifesta a crise epiléptica quando está dormindo, adormecendo ou quando acorda abruptamente, ou ainda por estímulos excitatórios como sons e exercícios. O diagnóstico da epilepsia idiopática é clínico e se dá pela exclusão de outras causas de epilepsia e idade comum de acometimento. O tratamento é feito com controle das crises epilépticas e o prognóstico é reservado, variando conforme o início e o decorrer do tratamento.

Epilepsia sintomática ou adquirida está relacionada com injúrias intracranianas ou extracranianas. Pode ser adquirida por ordem de alguma lesão inicial no encéfalo (intracraniana) após processos inflamatórios , traumáticos , tóxicos , vasculares , neoplásicos ou metabólicos. Também pode ocorrer por patologias que atingem indiretamente o Sistema Nervoso Central (extracranianas), sendo as doenças infecciosas as causas extracranianas mais comuns em animais jovens e as neoplasias em animais acima de 6 anos de idade.  O diagnóstico precisa ser investigativo para manifestações em outros sistemas e avaliação intracraniana, utilizando-se de exames de sangue e de imagens. O tratamento recomendado, assim como na epilepsia idiopática, consiste no controle das crises epilépticas , mas a doença primária também deve ser tratada ou controlada, com o prognóstico dependente desse controle.

A identificação e classificação das crises epilépticas nos cães podem ser difíceis, uma vez que o veterinário raramente tem a chance de testemunhar o evento em si, e, geralmente, necessita das observações e relatos do tutor , que deve utilizar até mesmo filmagens dos momentos de crise para auxiliar o clínico em seu diagnóstico. É imprescindível investigar detalhadamente o histórico do paciente, e realizar exames clínico-neurológico , laboratoriais e de imagens como a Ressonância Magnética , Tomografia Computadorizada e Eletroencefalograma com o intuito de determinar a existência, classificar o tipo de crise epiléptica , definir sua causa e iniciar seu tratamento.

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